terça-feira, 31 de março de 2009

A misericórdia


«Felizes os misericordiosos porque alcançarão misericórdia» (Mateus 5,7). Aos misericordiosos, Jesus não promete nada mais do que aquilo que eles já vivem: a misericórdia. Em todas as outras Bem-aventuranças, a promessa contém sempre algo mais, leva mais longe: os que choram serão consolados, os puros de coração verão a Deus. Mas o que poderia Deus dar de mais aos misericordiosos? A misericórdia é já plenitude de Deus e dos homens. Os misericordiosos vivem já a mesma vida de Deus.

«Misericórdia» é uma palavra antiga. Durante a sua longa história, tomou um sentido muito rico. Em grego, língua do Novo Testamento, misericórdia diz-se éléos. Esta palavra é-nos familiar através da oração Kyrie eleison, que é um apelo à misericórdia de Deus. Éléos é a tradução habitual, na versão grega do Novo Testamento, da palavra hebraica hésèd. É uma das mais belas palavras bíblicas. Muitas vezes, traduzimo-la simplesmente por amor.

Hésèd, misericórdia ou amor, faz parte do vocabulário da aliança. Da parte de Deus, designa um amor inabalável, capaz de manter uma comunhão para sempre, seja o que for que vier a acontecer: «O meu amor por ti nunca mais será abalado» (Isaías 54,10). Mas, como a aliança de Deus com o seu povo é uma história de rupturas e de recomeços desde o início (Êxodo 32–34), é evidente que um tal amor incondicional implica perdão, e não pode ser senão misericórdia.

Éléos traduz ainda uma outra palavra hebraica, rahamîm. Esta palavra associa-se frequentemente a hésèd, mas está mais carregada de emoções. Literalmente, significa as entranhas; é uma forma plural de réhèm, o seio materno. A misericórdia, ou a compaixão, é aqui o amor profundo, a afeição de uma mãe pelo seu filho (Isaías 49,15), a ternura de um pai pelos filhos (Salmo 103,13), um amor fraternal intenso (Génesis 43,30).

A misericórdia, no sentido bíblico, é muito mais do que apenas um aspecto do amor de Deus. Por três vezes, Deus pronuncia o seu nome a Moisés: Na primeira vez, diz: «Eu sou aquele que sou» (Êxodo 3,14). Na segunda vez: «Concedo a minha benevolência a quem eu quiser, e uso de misericórdia com quem for do meu agrado» (Êxodo 3,19). O ritmo da frase é o mesmo, mas a benevolência e a misericórdia substituem aqui o ser. Para Deus, ser quem ele é, é ter benevolência e misericórdia. O que confirma a terceira proclamação do nome de Deus: «Senhor! Deus misericordioso e clemente, vagaroso na ira, cheio de bondade e de fidelidade» (Êxodo 34,6).

Esta última fórmula foi retomada pelos profetas e nos salmos, em particular no salmo 103 (versículo 8). Na sua parte central (versículos 11 a 13), este salmo maravilha-se com a envergadura inaudita da misericórdia de Deus. «Como é grande a distância dos céus à terra, assim é a sua misericórdia…»: ela é a grandeza de Deus, a sua transcendência. Mas ela é também como que a sua humanidade: «Como um pai se compadece dos filhos…» Tão transcendente e tão próxima, a misericórdia é capaz de ultrapassar todo o mal: «Como o Oriente está afastado do Ocidente, assim ele afasta de nós os nossos pecados».

A misericórdia é o que há de mais divino em Deus e é também o que há de mais completo no homem: «ele te enche de graça e de ternura», diz ainda o salmo 103. É preciso ler este versículo à luz de um outro versículo do salmo 8, onde se diz que Deus coroa o homem de «glória e de honra». Criados à sua imagem, os homens são chamados a partilhar a glória e a honra de Deus. Mas são a misericórdia e a ternura que nos fazem realmente participar na própria vida de Deus.

A palavra de Jesus: «Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso» (Lucas 6,36) faz eco de um antigo mandamento: «Sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo» (Levítico 19,2). À santidade, Jesus deu a face da misericórdia. É a misericórdia que é o mais puro reflexo de Deus na vida humana. «Pela misericórdia para com o próximo, tu tornas-te parecido com Deus» (Basílio, o Grande). A misericórdia é a humanidade de Deus. Ela é também o futuro divino de homem.

in www.taize.fr

Leitura Bíblica do dia


Terça-feira, 31 de Março

O Senhor diz: «Povo meu, que te fiz, ou em que te contristei? Responde-me. Livrei-te da casa da escravidão. Lembra-te e reconhece os meus prodígios.»
Miq 6,1-8

Pequena meditação

Jesus, nossa paz, a tua vontade é ser tudo para nós. E se a tentação nos sugere que te abandonemos, Cristo, pobre e humilde de coração, Tu rezas em nós.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Leitura Bíblica do dia

Segunda-feira, 23 de Março

Cuidai de sobressair nesta obra de caridade. Conheceis bem a bondade de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por vós.
2 Cor 8,7-15

Pequena meditação:

Quando surgem os silêncios da alma, repousar em Deus é já um vislumbre do oásis em que a nossa sede é saciada.

in www.taize.fr

O pecado


Será que devemos ter remorsos dos nossos pecados?
No momento em que Pedro se apercebeu do que tinha feito ao renegar Jesus, «chorou amargamente» (Mateus 26,75). Algumas semanas mais tarde, no dia de Pentecostes, recordou aos habitantes de Jerusalém como tinha sido escandalosa a execução de Jesus inocente. E estes, «ouvindo estas palavras, ficaram emocionados até ao fundo do coração e perguntaram a Pedro e aos outros Apóstolos: ‘Que havemos de fazer, irmãos?’» (Actos 2,37) Parece que os remorsos se colam às faltas como uma sombra da qual não nos conseguimos afastar.

Estes remorsos são ambíguos: podem levar-nos ao desespero ou conduzir ao arrependimento. Desiludido consigo mesmo, Pedro poderia ter desesperado. Existe uma «tristeza do mundo que produz a morte». Mas a lembrança do amor de Cristo transformou as lágrimas de Pedro em «tristeza segundo Deus, que produz um arrependimento que leva à salvação» (2 Coríntios 7,10). Os seus remorsos tornaram-se então uma passagem, uma porta estreita que conduz à vida. A tristeza que é mortal, pelo contrário, são os remorsos daquele que só conta com as suas próprias forças. Quando estas se revelam insuficientes, começa a desprezar-se, chegando a odiar-se a si mesmo.

Talvez não haja arrependimento sem remorsos. Mas a diferença entre os dois sentimentos é enorme. O arrependimento é um dom de Deus, uma acção escondida do Espírito Santo que conduz a Deus. Para ter remorsos das minhas faltas não preciso de Deus, posso tê-los sozinho. Nos remorsos, fecho-me em mim próprio. Pelo arrependimento, pelo contrário, volto-me para Deus, esquecendo-me de mim e abandonando-me a ele. Os remorsos não corrigem a falta, mas Deus, para quem me dirijo através do arrependimento, «dissipa os meus pecados como uma nuvem» (Isaías, 44,22).

«Pecar» significa «não acertar no alvo». Como Deus nos criou para vivermos em comunhão com ele, o pecado é separmo-nos de Deus. Os remorsos nunca poderão libertar-nos deste afastamento em relação a Deus. Poderão até, se nos fecharem em nós mesmos, afastar-nos ainda mais de Deus e agravar assim o pecado! Segundo uma palavra um pouco enigmática de Jesus, o pecado é que «eles não creiam em mim» (João 16,9). A raiz do pecado, o único pecado no sentido forte do termo, é não acolher o amor de Cristo.

Um dia uma mulher foi ao encontro de Jesus. Ela chorava e, com as suas lágrimas, lavava-lhe os pés. Enquanto outros ficaram escandalizados, Cristo compreendeu e admirou-a. Esta mulher teve remorsos das suas faltas, mas os seus remorsos não a azedaram, não a paralisaram. Confiou e esqueceu-se de si própria. E Jesus disse: «…são perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou» (Lucas 7,47). Acreditando nestas palavras, ela já não tinha que ter remorsos. Quem deveria ter remorsos de amar muito? Pela graça de Deus, os nossos próprios pecados podem conduzir-nos a amar mais. E então os remorsos devem dar lugar à gratidão: «Sem cessar, dai graças por tudo» (Efésios 5,20).

O que é o pecado original?
Desde que apareceu a vida, existe o enigma da morte. No mundo animal, a morte pode parecer natural, mas para os homens de todos os tempos ela é um problema. Por que razão desaparecem para sempre aqueles que amamos? Gostaríamos de viver felizes, sem que a felicidade acabasse de repente. É assim que, desde tempos imemoriais, o desejo de uma vida feliz produziu múltiplas representações de uma idade de oiro em que «tudo ainda estava bem». As histórias que falam disso tentam explicar qual foi a falta que fez com que a morte aparecesse no mundo.

A Bíblia vai beber a essas tradições. O Génesis começa por celebrar a bondade original da criação (capítulos 1 e 2). Em seguida relaciona as penas da existência, sobretudo a morte e a violência fratricida, com as faltas cometidas na origem (capítulos 3 e 4). Mas o que sobressai no relato bíblico é que os pecados originais são afinal os nossos próprios pecados: a recusa de confiar em Deus, as meias verdades para se desembaraçar do problema, atirar para o outro a culpa da sua falta, negar a responsabilidade dos seus actos. Sem responder ao porquê do mal, o Génesis reenvia o problema para cada um dos leitores. Adão ou Eva, Caim e Abel, somos nós.

No Novo Testamento, o pecado original torna-se um conceito mais explícito. Para o apóstolo Paulo, Adão representa a unidade do género humano, e a falta de Adão significa que, quanto ao pecado, não há diferenças entre os homens: «…todos estão sob o domínio do pecado. Assim está escrito: Não há justo algum, nem um sequer» (Romanos 3,9-10). Mas Paulo só se interessa por Adão para proclamar a luz de Cristo, que é tão universal, ou mesmo mais, como o contágio do pecado: «Se pela falta de um só todos morreram, com muito mais razão a graça de Deus, aquela graça oferecida por meio de um só homem, Jesus Cristo, foi a todos concedida em abundância» (Romanos 5,15).

Falar de pecado original é assim uma maneira de dizer que a salvação é primeiro universal e só depois individual. Cristo não veio para arrancar alguns do mundo mau, mas para salvar a humanidade. Todos são pecadores, com as mãos vazias perante Deus. Mas Deus oferece o dom do seu amor a todos. «Foi Deus quem reconciliou o mundo consigo, em Cristo» (2 Coríntios 5,19). A obra de Cristo trouxe «a todos os homens a justificação que dá a vida» (Romanos 5,18). Ninguém pode, pelas suas próprias forças, fugir aos impasses que são o destino comum de todos os homens. Mas, através de Cristo, a humanidade é salva, e cada um pode desde então acolher esta salvação.

Jesus evocou o pecado original à sua maneira: «Do coração dos homens saem os maus pensamentos, as prostituições, roubos, assassínios…» (Marcos 7,21). E, contudo, condena pouco, tem compaixão. Ao tomar consciência de que todo o ser humano tem a ferida do pecado, talvez devamos, nós também, ser mais misericordiosos. Seguindo Jesus, somos chamados a remediar mais do que a condenar sem piedade. Não se trata de minimizar a gravidade das faltas, mas de saber que não há pecado que Cristo não tenha vindo perdoar ao dar a sua vida na cruz.

in www.taize.fr

quarta-feira, 18 de março de 2009

Leitura Bíblica do dia


Quarta-feira, 18 de Março

Que entre vós não haja divisões, permanecei unidos num mesmo espírito e num mesmo pensamento.
1 Cor 1,10-13

Pequena Meditação

Os olhos de quem vai de começo em começo, numa vida de comunhão com Jesus Cristo, não se fixam nos seus próprios progressos ou retrocessos. A semente do Evangelho, depositada nas profundezas do ser, germina e cresce dia e noite. (4)
4. Ver Marcos 4, 27

in www.taize.fr

O Arcebispo de Cantuária em Taizé


Dr. Rowan Williams, Arcebispo de Cantuária e chefe da Igreja Anglicana, visitará a Comunidade de Taizé de 5 a 9 de Agosto deste ano, acompanhado pela sua família e alguns colaboradores. Terá encontros com o irmão Alois, prior de Taizé, e com irmãos da Comunidade. Haverá também oportunidade para encontrar e falar com jovens de vários países que, então, participarem nos encontros internacionais em Taizé.
Será o quarto Arcebispo de Cantuária a visitar Taizé, desde a visita, em 1973 do Arcebispo Michael Ramsay. O actual Arcebispo recebeu o irmão Alois em Londres a 18 de Novembro de 2006. Nesse dia também participou na oração da noite animada pelos irmãos de Taizé na Abadia de Westminster, juntamente com o Cardeal Cormac Murphy-O’Connor e líderes de outras igrejas inglesas.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Leitura Bíblica do dia


Segunda-feira, 16 de Março

Com toda a humildade e mansidão, com paciência, suportai-vos uns aos outros no amor, esforçando-vos por manter a unidade do Espírito, mediante o vínculo da paz.
Ef 4,1-7

Pequena Meditação

Deus só pode amar.» O que Ele nos pede, antes de mais, é que nos abandonemos nele. Quão maravilhosa é essa descoberta! A sua compaixão reanima uma bondade inesgotável no mais íntimo do nosso coração.


in www.taize.fr

Cristofobia na Europa

OSCE denuncia a discriminação contra os cristãos

Na velha Europa cristã, acreditar em Cristo tornou-se arriscado. Em muitos países, os cristãos são marginalizados de diferentes formas por viver ou falar de acordo com a sua fé. . Parece uma verdadeira epidemia. Os casos estão a aumentar nos últimos tempos.
No dia 1 de fevereiro passado, por exemplo, o jornal britânico Daily Telegraph denunciou que uma enfermeira Baptista, Caroline Petrie, foi suspensa no seu trabalho no Centro de Atenção Primária em North Somerset, por se oferecer a rezar por um doente, ainda que esta não tivesse apresentado qualquer queixa.
No dia 12 fevereiro, a BBC e vários jornais britânicos relataram o caso de uma menina de cinco anos, de Devon, que começou a chorar porque o seu professor lhe pediu para falar de Jesus na sala de aula. A gravidade do assunto estava em que a sua mãe poderia perder o seu emprego como recepcionista na escola.

in http://padre-inquieto.blogspot.com/

Sílabas

Taizé: duas sílabas muito curtas, quase secas, que se tocam por um instante. Como uma pontuação sonora. Um nome para condensar o essencial, para expressar o indizível. Taizé para estar em silêncio e Taizé para ser falado! Taizé para vir, por milhares, dezenas de milhares, centenas de milhares, há quase dois terços de século. Taizé para partir, cheios de algo invisível. Taizé para as gerações. Longe de Taizé fica algo de Taizé naqueles que alguma vez lá passaram. Momentos de luz; silêncios dos quais nos pensávamos incapazes; traços de amizades anónimas; olhares que diríamos serem quase demasiado brilhantes para serem humanos; rostos incontáveis, frequentemente jovens; também remorsos por termos tanto e tantas vezes negligenciarmos o sentido da vida. Traços dos outros e de si mesmo. Temos todos algo de Taizé no fundo coração. Temos todos, nos tortuosos registos das nossas memórias, etapas feitas em Taizé, em diferentes datas que se sobrepõem nas recordações. Caminhos sinuosos da bonita Borgonha, luz dourada das colinas no fim do Verão, quando a natureza aspira às chuvas que tardam a chegar, casas de pedra que diríamos estarem aqui desde a eternidade; sinos que, longe de romperem o silêncio, o sublinham enfaticamente. Acolhimento, serviço, cânticos conhecidos e reconhecidos, ícones, a paz colorida da igreja da Reconciliação. Quem passou um dia por Taizé diz sempre que tem que voltar. E quem diz isso e não o faz sabe, sem nunca o esquecer, que Taizé está ali, longe das grandes euforias do tempo, disponível, como se estivesse de serviço aqui na terra. Lanterna perpétua no oceano de uma humanidade agitada e perturbadora. Vigilante na noite das actualidades e das tragédias colectivas ou pessoais. Stress, ambições, disputas, batalhas por isto e por aquilo, obsessões pelo dinheiro e pelo poder, emoções ao acaso, apegos oscilantes, vacuidade das modas e das futilidades da tagarelice mediática: tudo o que acontece longe de Taizé, tudo o que fervilha ruidosamente e faz furor longe desta colina que se tornou sagrada, anula-se aqui. Reconciliação? Sim, mas antes de tudo reconciliação consigo mesmo. Em todo o caso, com essa parte de si que, oportunamente, quando as tempestades ameaçam as vidas, nos diz: basta, agora precisas de um pouco de silêncio! Escuta o que te fala no silêncio. Escuta quem te fala.

Bruno Frappat

sábado, 14 de março de 2009

Leitura Bíblica do dia


Sábado, 14 de Março

Jesus disse: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os que estão doentes. Não foram os justos, mas os pecadores, que eu vim chamar ao arrependimento.»
Lc 5,29-32

Pequena Meditação

Jesus Cristo, Tu chamas-nos a dar a nossa vida por amor. (2) E se em cada um de nós há zonas, pequenas ou grandes, de obscuridade, há também a tua presença — o teu Espírito Santo.
2. Lucas 9, 24

Encontro Europeu de Poznan - Programa Provisório


Terça-feira 29 de Dezembro

De manhã: chegada aos diferentes locais de acolhimento no centro de Poznan. Cada um recebe o programa do Encontro, um passe para os transportes públicos, a senha para almoço e jantar no Parque de Exposições (MTP) e um mapa para poder ir à paróquia onde será acolhido.
Depois há um acolhimento nas paróquias, onde cada um será enviado à sua família de acolhimento.
Por volta das 17h30: jantar na MTP.
Por volta das 19h: oração comunitária na MTP.
Regresso às casas das famílias.

Quarta-feira 30 de Dezembro

8:30: Oração comunitária nas paróquias de acolhimento, seguida de encontros em pequenos grupos e com pessoas empenhadas na vida da paróquia ou do bairro.
Por volta das 12h: almoço na MTP.
Por volta das 13h: oração comunitária na MTP.
À tarde: workshops à escolha na MTP e em diferentes lugares da cidade de Poznan, com temas sobre a vida interior, questões da sociedade, etc.
Por volta das 17h30: jantar na MTP.
Por volta das 19h: oração comunitária na MTP.
Regresso às casas das famílias.

Quinta-feira 31 de Dezembro

Como na quarta-feira 30 de Dezembro e depois
23h: nas paróquias, oração pela paz seguida de uma «festa dos povos».
Por volta das 2h da manhã: regresso às casas das famílias.

Sexta-feira 1 de Janeiro 2010

Participação nas celebrações das paróquias de acolhimento e depois almoço nas famílias de acolhimento.
À tarde, na MTP e em diferentes lugares da cidade de Poznan: encontros por países.
Por volta das 17h30: jantar na MTP.
Por volta das 19h: oração comunitária na MTP.
Regresso às casas das famílias.

Sábado 2 de Janeiro de 2010

8:30: Oração comunitária nas paróquias de acolhimento.
A partir das 12h: partida.

O que nos permite dizer que Cristo morreu «por nós»?


O que parece ser claro na tradição judaica e no Novo Testamento cria uma dificuldade nos tempos actuais, de grande individualismo. Em oposição à ideia contemporânea de «cada um por si», cada ser humano era considerado como um representante da humanidade, vista como uma unidade, não de forma abstracta, mas como uma realidade espiritual. É difícil para nós, hoje, imaginarmos algo assim.

Todavia, temos experiências de estreita solidariedade humana, de profunda comunhão, em que sentimos que a humanidade é una e que cada ser humano pode ser imagem desta humanidade. Pensemos nas nossas emoções e pensamentos quando sabemos que alguém ofereceu a sua vida pela de outra pessoa. Pensemos em tantos homens e mulheres que não hesitam arriscar as próprias vidas para ajudar outros ou que, muito simplesmente, deram as suas vidas em serviço, como se pertencessem a outros. Ou pensemos no sofrimento dos outros, que nos afecta como se fosse o nosso próprio sofrimento. Perante estas situações, suspeitamos que a humanidade não se restringe a uma simples justaposição de indivíduos, mas que tende para uma unidade de que cada pessoa é um representante. Era neste sentido que o irmão Roger gostava de falar da «família humana».

Nesta perspectiva, Jesus deve ser reconhecido, de modo único e absoluto, como o Homem por excelência, tal como Pilatos expressou (sem se aperceber de como tinha dito tão bem!): «Eis o Homem!» (João 19,5). Esta expressão estende-se necessariamente em dois sentidos: «Eis o homem, o indivíduo que trouxeram até mim» e «Eis a imagem do Homem como o Criador o planeou por toda a eternidade, o verdadeiro representante de todos os seres humanos aos olhos de Deus.»

De facto, não é possível compreender a Paixão e a Incarnação de Cristo, o modo como Deus se uniu aos homens da forma mais íntima, sem o reconhecermos como Filho de Deus que se tornou irmão de cada um de nós. Nosso irmão e, mais do que isso, o nosso representante perante Deus. Melhor será dizer: a minha presença quase pessoal diante de Deus. Podemos dizer que Cristo toma o nosso lugar para viver diante de Deus uma existência humana que responde na perfeição ao amor do seu Pai e que enfrenta, em vez de nós, a morte. Mas, paradoxalmente, toma o nosso lugar sem o tirar e, ao contrário, dando-nos o nosso verdadeiro lugar.

Pela sua natureza humana, é a minha vida que Jesus aceita para si, de modo a dar-me parte na sua: na sua existência terrena, vivida em liberdade e obediência; na sua cruz dolorosa e vitoriosa; na sua vida eterna. Tão grandioso é Cristo no dom da sua vida que, perante a desgraça da sua morte, a transforma numa bênção para si e para nós.

Irmão Pierre-Yves

quarta-feira, 11 de março de 2009

Leitura Bíblica do dia


Quarta-feira, 11 de Março

Jesus disse: «Se alguém vem ter comigo e não me tem mais amor que ao seu pai, à sua mãe, à sua esposa, aos seus filhos, aos seus irmãos, às suas irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo.»

Lc 14,25-33


Pequena Meditação


O Evangelho nunca apela à morosidade. Nunca dirige um olhar pessimista sobre o ser
humano. Muito pelo contrário. Procura despertar em nós uma alegria tranquila.

in www.taize.fr

terça-feira, 10 de março de 2009

A Cruz


Por que é que um instrumento de morte se tornou no símbolo do cristianismo?
A morte é o maior enigma da condição humana. Tudo o que construímos durante longos anos, tudo o que é belo na existência humana, parece desvanecer-se em fumo no espaço de um instante. E eis que no coração da fé cristã encontramos o símbolo de uma morte violenta.

Na realidade, desde o começo, a morte não está justamente no centro do Evangelho. A fé começa pelo anúncio de uma Vida mais poderosa do que a morte: «Ressuscitou!» É à luz da ressurreição que a morte toma o seu lugar na proclamação cristã.

Contemplada sob esta luz, a morte muda de sentido. Sem a confiança numa Vida além da morte, os seres humanos ficam paralisados pelo medo, aterrorizados à beira dum abismo para o qual não ousam olhar de frente. Mas ao consentir dar a sua vida por amor, porque levado pela certeza de uma comunhão inabalável com o Pai, Cristo retira à morte o seu «aguilhão» (1 Coríntios 15,55), o medo do vazio: «pela sua morte ele libertou aqueles que, pelo temor da morte, estavam toda a vida sujeitos à escravidão» (Hebreus 2,14-15).

Na companhia de Cristo, então, morrer pode tornar-se uma linguagem capaz de exprimir o dom total de si mesmo. Pela sua existência, Jesus ensina-nos «a lei do grão de trigo»: «se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto» (João 12,24). Esta «lei» não se aplica apenas à morte física. Indica antes que o caminho para a Vida passa inevitavelmente por soltar amarras, renunciar a agarrarmo-nos a todo o custo às nossas posses, a fim de irmos com Deus em direcção ao inesperado que se encontra à nossa frente. Em nós, está essa semente portadora de vida que subsiste e que floresce apesar de tudo.

Neste sentido, a primeira «morte» que conhecemos é o nosso nascimento, onde abandonamos o abrigo do seio materno para enfrentar os rigores da existência. Depois, na história santa, temos o exemplo de Abraão, chamado a deixar para trás um mundo conhecido para embarcar numa aventura com o Senhor (ver Génesis 12,1-4). Mais tarde, encontramos o exemplo do povo de Israel, que tem de atravessar as provações do deserto para chegar à Terra prometida. A cruz é assim a revelação plena do verdadeiro movimento da vida: «Quem procurar salvaguardar a sua vida, perdê-la-á, e quem a perder, conservá-la-á» (Lucas 17,33).

Paradoxalmente, então, a verdadeira morte, no sentido negativo do termo, é a recusa de assumir um risco com Deus. Aquele que quer «poupar» ou «salvar» a vida a todo o custo, aquele que fica agarrado ao que já possui, arrisca-se a não compreender nada da vida autêntica. A cruz de Cristo revela-nos uma maneira de morrer que não contradiz a lógica da vida. A partir daí compreendemos que a cruz e a ressurreição são as duas faces, a face sombria e a face luminosa, de um só e mesmo Amor, de uma só e mesma Vida.

Poderão os sofrimentos de um inocente salvar-nos ?
Um filme recente coloca esta questão com acuidade. Sabemos que Jesus sofreu uma morte atroz. A crucificação era um dos maiores suplícios do mundo antigo e, para os Judeus, um sinal de rejeição por parte de Deus (Deuteronómio 21,23; Gálatas 3,13). Ora, o Novo Testamento faz-nos compreender que, longe de ser um fracasso ou uma condenação, a cruz é o instrumento da nossa salvação (por exemplo, Gálatas 6,14; Colossenses 1,20). Não admira que sempre tenhamos tido dificuldade em perceber como um tal horror podia ter consequências tão felizes.

De facto, uma incompreensão dessas assenta num equívoco que vale a pena tirar a limpo. Desde há séculos que este equívoco exerce devastações e afasta multidões da fé em Cristo. Consiste na ideia de que o sofrimento de Jesus enquanto tal teria um valor salvífico. Dito de outro modo, Deus Pai teria precisado disso, portanto teria havido nele uma certa cumplicidade para com a violência exercida contra o seu Filho único.

Quase que basta formular claramente esta tese para nos apercebermos de que ela não só é falsa como também blasfematória. Se Deus nem sequer deseja o sofrimento e a morte dos maus (Ezequiel 33,11), como poderia ter prazer no sofrimento e na morte do seu Filho muito amado, o Inocente por excelência? Muito pelo contrário, é preciso ousar dizer incessantemente que o sofrimento em si mesmo não tem qualquer preço aos olhos de Deus. Mais ainda, na medida em que ela estraga o que está vivo, a dor está em contradição absoluta com um Deus bom que quer para todos a vida em plenitude (João 10,10).

De onde vem então este equívoco? Entre outras coisas, de uma leitura superficial dos textos bíblicos que são na realidade abreviados. Numa leitura dessas, o meio-termo é esquecido. Esse meio-termo é precisamente o amor. Pois o que pode dar a vida, o que nos salva, é apenas o amor. Se o sofrimento não tem nenhum valor só por si, sendo mesmo a maior parte das vezes destruidor, há momentos em que, para permanecermos fiéis a um amor, somos levados a suportar um sofrimento incompreensível. Ora, os textos do Novo Testamento que parecem exaltar o sofrimento celebram na realidade o amor de Deus que vai até ao dom total de si mesmo em favor do ser amado. São João lembra-no-lo com todas as letras: «Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos» (João 15,13).

Na frase «Cristo também sofreu por vós» (1 Pedro 2,21), por exemplo, é «por vós» que exprime o meio termo, a presença do amor. No seu Filho, Deus desposou a condição humana ao ponto de tomar o último lugar por amor; a cruz é assim a expressão de uma solidariedade absoluta (ver Filipenses 2,6-8). E quando São Paulo escreve que partilha os sofrimentos de Cristo (por exemplo 2 Coríntios 1,5; Filipenses 3,10; Colossenses 1,24), exprime na realidade o seu desejo, no seguimento de Jesus, de se gastar pelos outros sem medida. Porque Cristo tomou sobre ele os sofrimentos da nossa condição por amor, esses sofrimentos podem ser vividos não já como um castigo merecido ou um destino cego e absurdo, mas como um encontro com o Amor e um caminho em direcção à Vida.

Carta de Taizé: 2004/3

Leitura Bíblica do dia


Terça-feira, 10 de Março

São Paulo escreveu aos Romanos: Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados de acordo com o seu desígnio.
Rom 8,28-30

Pequena Meditação

Deus de toda a misericórdia, Tu encerras o nosso passado no coração de Cristo e velas pelo nosso futuro.

in www.taize.fr

segunda-feira, 9 de março de 2009

Um testemunho, uma mudança...


Em algum momento das nossas vidas já rimos, brincamos, levamos coisas mais a sério, e também existem momentos em que sofremos. No entanto, alguns desses momentos de sofrimento, parecem ser mais fortes que outros e por vezes sentimo-nos cair. Estamos tão centrados no motivo do sofrimento que nos esquecemos de reagir a mais um momento no meio de tantos outros. E foi precisamente o que me aconteceu. Estar a passar por uma fase assim. Em que nada me parece correcto, em que me lamento a toda a hora e que não tenho força para continuar.
Mas…
Os amigos, são um dos bens mais preciosos do mundo, apesar de só ter reparado nesse pormenor à bem pouco tempo, e como tal, apareceu um desses anjos da guarda para me aconselhar. Nada fez que uma simples ajuda no entender dele, mas uma grande ajuda no meu ponto de vista. Aconselhou-me a parar, visitar o seu blog e fazer com que experimentasse uma coisa nova. Depois de visitar o blog, comecei a seguir o seu conselho e a acender todos os dias uma vela, no mais completo silêncio, silêncio esse em que poderia estar sozinha com Deus, onde poderia arranjar uma força para enfrentar todo o sofrimento que tenho vivido estes últimos tempos e acima de tudo reconciliar-me comigo mesma. E assim aconteceu. Um primeiro dia de reconciliação, um segundo de ajuda, um terceiro dia em que nada parecia tão mau como antes, e dias que se seguirão e em que tudo me parecerá mais claro. Encontrei em todas as citações escritas nesse blog que Deus sempre esteve presente, está e estará sempre e para sempre e que com fé tudo podemos conseguir.
Nem sempre acreditamos Nele, nem sempre pensamos, pedimos, rezamos, mas quando estamos num destes momentos lembramo-nos. Mas Ele está sempre lá. Em todos os momentos da nossa vida, para nos aconselhar, para nos guiar. Para sempre…

Sónia Resende

Programa Provisório Encontro de Sevilha

Sexta-feira, 8 de Maio de 2009

A partir das 15h, boas-vindas e acolhimento dos participantes.
O acolhimento será no Colégio Marista San Fernando, Rua Paraíso, 8, 41010 Sevilha. O Colégio fica perto da Avenida República da Argentina. No acolhimento receberão o programa definitivo, as senhas de refeição e transporte e o alojamento, que será numa família, comunidade religiosa ou num alojamento colectivo.
21h Oração da noite, com oração à volta da cruz, na Catedral de Sevilha.
O irmão Alois, prior de Taizé, fará uma meditação durante a oração.
Pedimos aos participantes para trazerem o seu próprio jantar.

Sábado, 9 de Maio de 2009

Pequeno-almoço no local do alojamento.
Oração da manhã nas paróquias.
Visita a lugares de sofrimento e esperança perto das paróquias.
13h Oração do meio-dia na igreja de El Salvador
14h30 Almoço no Colégio Marista San Fernando. No final do almoço será distribuído um pique-nique para o lanche
Entre as 17h e as 19h: Workshops em diferentes locais da cidade.
20h Oração da noite, com a oração da luz, símbolo da ressurreição, na Catedral de Sevilha.
O irmão Alois, prior de Taizé, fará uma meditação durante a oração.
A partir das 22h, jantar, nas paróquias ou local de alojamento colectivo.

Domingo, 10 de Maio de 2009

Pequeno-almoço no local do alojamento.
12h Eucaristia, na Catedral de Sevilha
No final da Eucaristia será distribuído um pique-nique
Partida

in www.taize.fr

sábado, 7 de março de 2009

Conhecer o prior da comunidade de Taize: Irmão Alois





De origem alemã, e nacionalidade francesa desde 1984, católico, o irmão Alois nasceu a 11 de Junho de 1954 na Baviera e cresceu em Estugarda. Os seus pais nasceram e cresceram no que era então a Checoslováquia.
Depois de várias passagens por Taizé, ficou como voluntário, ajudando no acolhimento de jovens durante vários meses, antes de receber o hábito de oração da comunidade em 1974. Desde essa data, viveu sempre em Taizé.
Como voluntário e depois como irmão, fez inúmeras viagens aos países da Europa central e oriental, a fim de apoiar os cristãos destes países, então sob influência soviética.
De acordo com a regra de Taizé que tinha publicado em 1953, o irmão Roger, com a concordância dos irmãos, designou-o sucessor na altura do conselho dos irmãos em Janeiro de 1998. Muito cansado pelo peso da idade, o irmão Roger tinha anunciado à comunidade, em Janeiro de 2005, que o irmão Alois iniciaria nesse ano o seu ministério.
Nestes últimos anos, o irmão Alois coordenou a organização dos encontros internacionais em Taizé e dos Encontros Europeus em várias metrópoles da Europa.
Muito interessado pela música e pela liturgia, também dedicou sempre muito tempo à escuta e acompanhamento de jovens.
Nos primeiros meses do seu ministério, o irmão Alois, acompanhado por outros irmãos, fez quatro visitas: ao Papa Bento XVI, ao Patriarca Ortodoxo Bartolomeu de Constantinopla, ao Conselho Mundial de Igrejas reunido em Porto Alegre (Brasil) e ao Patriarca Ortodoxo Alexis II de Moscovo: «Através destas visitas, gostaria de mostrar que, com os meus irmãos, procuramos apaixonadamente a comunhão entre todos os cristãos. Em Taizé, gostaríamos de contribuir para dar maior visibilidade à comunhão que, em Cristo, já existe entre todos os baptizados.»
O irmão Alois começou a visitar os irmãos que, em pequenas fraternidades, vivem através do mundo, frequentemente entre os mais pobres, no Brasil, no Bangladesh, no Senegal e na Coreia.
Os encontros internacionais de jovens continuam em Taizé todas as semanas do ano e os Encontros Europeus continuam no final de cada ano numa grande cidade do continente. Para além disso, para alargar a «peregrinação de confiança» que o irmão Roger começou há mais de 25 anos e para lhe dar novas dimensões, estão programados encontros na Ásia, na América Latina e em África, de forma a acompanhar jovens de todos os continentes e a apoiar a sua esperança. O irmão Alois explica: «Na tarde da sua morte, o irmão Roger pronunciou palavras que permanecem como um testamento: ‘Na medida em que a nossa comunidade criar na família humana possibilidades para alargar…’ E parou, impedido pelo cansaço de terminar a frase. O que queria dizer com ‘alargar’? Provavelmente: fazer tudo para tornar mais perceptível a cada um de nós o amor que Deus tem para com todos os seres humanos sem excepção, para com todos os povos. Desejava que a nossa pequena comunidade iluminasse esse mistério, através da sua vida e de um humilde compromisso para com os outros. Nós, os irmãos, gostaríamos de aceitar esse desafio, com todos aqueles que através do mundo procuram a paz.»

in www.taize.fr

Leitura Bíblica do dia


Sábado, 7 de Março

São Paulo escreveu a Timóteo: Não descuides o dom espiritual que está em ti.
1 Tim 4,12-16

Pequena Meditação

A oração nem sempre faz brotar uma efusão de amor por Cristo. Quando o fervor se esvai, há momentos em que esta realidade se manifesta: não foi Ele, o Ressuscitado, quem se afastou; eu é que estou ausente.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Ser cristão é ser

Por mais que se queira definir “Taizé” será sempre de uma maneira incompleta. Parece estranho que algo que revela o verdadeiro ser do Homem, o seu sentido para a vida, que faz sentir o mesmo um ser completo, inserido numa sociedade que necessita da sua presença, do seu testemunho, do seu trabalho. Contudo, penso que quando se conseguir definir “Taizé” por completo é porque “Taizé” está a falecer.
Deste modo, o incompleto é causado pelo facto de Taizé ser, por sua característica original, um motor contínuo de criação cristã. Neste sentido, ir a Taizé é descobrir novos caminhos, é renascer, é auto-recriar-se porque estar em Taizé é entrar num mundo em constante busca de Cristo. É nesta busca que o motor da criação reside, ou seja, no seio da comunidade em que tradições, raças e costumes são deixadas à parte para criar caminhos que nos levam a Ele e purifiquem o ser da cada um.
Ao falar de criação não é imaginar e tornar realidade uma nova religião com o nome de cristianismo. Pelo contrário, é assumirmos a nossa identidade de cristãos e caminhar constantemente para Cristo; para realizarmos esta caminhada necessitamos, fundamentalmente, da oração. É na oração que reside o espírito criador da comunidade de Taizé. Porém, rezar em Taizé não é ser um crente que frente a Cristo adopte uma atitude lamuriosa, mas sim, uma atitude de louvor; muitas vezes o cristão corre o risco e/ou o erro de definir um Cristo castigador, juiz de coisas mundanas. É neste ponto que Taizé difere pois revela a todos os que estão no seio da comunidade um Cristo ressuscitado, vencedor da morte, um Cristo misericordioso, um Cristo libertador, um Cristo que deu a liberdade a todo o homem; é nesta liberdade que está a criação, é nesta liberdade que o homem cria novos modos de estar em contacto com Cristo.
Assim, é necessário começarmos a sair ou evitar cair num cristianismo amorfo e quieto.

Tiago Cardoso

Irmão David em Portugal


O Ir David, da Comunidade de Taizé, vem ao Porto. Haverá uma oração na Igreja das Taipas nesse dia às 21h30.

Leitura Bíblica do dia


Sexta-feira, 6 de Março

Eis o que o Senhor requer de ti: nada mais do que praticares a justiça, amares a misericórdia e caminhares humildemente com o teu Deus.
Miq 6,6-8


Pequena Meditação:

Contigo, Cristo, avançamos da penumbra para a luz. E o Espírito Santo vem derramar em nós a paz do coração.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Leitura Bíblica do dia


Quarta-feira,4 de Março

Jesus disse: «Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.»

Mt 16,24-26

Pequena Meditação:

Há cristãos que ficam profundamente desconcertados quando ouvem dizer que a sua fé se move na ilusão. É possível que, a seguir, a dúvida resvale na alma. A dúvida, no entanto, nada tem de alarmante. A liberdade interior abrirá um caminho que vai da dúvida rumo à confiança. O Evangelho jamais deixará de dizer a cada um de nós: «Procura, procura e encontrarás.

in www.taize.fr

Teremos o direito de estar felizes quando outras pessoas sofrem?

O sopro de Deus em nós é alegria profunda. Quando estamos felizes, estamos em harmonia com Deus. Mas, quando há outras pessoas a sofrer, a nossa felicidade não está em sintonia com o seu sofrimento. É por isso que o apóstolo Paulo escreve: sim, «alegrai-vos com os que se alegram», mas também «chorai com os que choram» (Romanos 12,15). Nós fomos feitos para a alegria. Mas, quando confrontados com o sofrimento dos outros, é com o choro que somos verdadeiros.
A alegria pode magoar aqueles que dela são excluídos. A satisfação de alguém que teve sucesso magoa aqueles que falharam. O júbilo daqueles que se amam pode ser pesado para aqueles que foram abandonados. Quando aqueles que estão felizes me fazem sentir um prazer malicioso por estarem melhor do que eu, a sua felicidade torna-se insuportável. A felicidade de alguém pode magoar-nos, mesmo sem ser mal intencionada: numa parábola, Jesus fala-nos da felicidade de um homem rico que vivia «feliz no seu esplendor» e que nem sequer reparava no pobre homem Lázaro à sua porta (Lucas 16,19-21).
É preferível chorar a ter uma alegria desse género. Mas como pode Paulo escrever: «Alegrai-vos sempre» (Filipenses 4,5)? Se existem formas de felicidade que magoam os outros, também existem tipos de tristeza que ferem. Quando estou triste ou deprimido, não quero que os meus amigos me sobrecarreguem com mais tristeza, acrescentado a sua escuridão à minha desgraça. Então, o que devemos fazer quando os outros sofrem? Permanecer alegres e correr o risco de magoar com a nossa felicidade aqueles que ficaram de fora? Ou, por outro lado, ficar tristes e correr o risco de aumentar as suas mágoas, que já são tão difíceis de suportar.
«Alegrai-vos sempre.» Paulo continua: «Que a vossa bondade seja conhecida por todos» (Filipenses 4,5). A felicidade de que ele fala irradia bondade e gentileza. É, acima de tudo, uma felicidade interior. Às vezes, é quase imperceptível e nenhum sinal exterior a denuncia. Tem um toque delicado. Tal como no frio do Inverno sabe bem estar perto de uma fonte que irradie calor, também na desgraça sabe bem estar perto de alguém cuja alegria interior irradie bondade.
Qual é então o segredo de uma felicidade que não ofende, mas que, por outro lado, alegra aqueles que estão a sofrer? A resposta reside numa alegria de alguém que é pobre: uma felicidade que não é tomada como sua, possessiva, mas que quer sempre ser partilhada.
Recusar ser feliz quando os outros sofrem pode originar desespero mútuo. Temos coisas melhores a fazer pelos que estão sujeitos à desgraça. Uma das coisas mais preciosas que podemos oferecer é a nossa luta oculta para manter viva a alegria do Espírito Santo, a alegria que irradia bondade e comunica força e coragem.

in www.taize.fr

terça-feira, 3 de março de 2009

Leitura Bíblica do dia


Terça-feira 3 de Março

A fé é garantia das coisas que se esperam e certeza daquelas que não se vêem.
Heb 11,1-10

Pequena meditação:

Jesus Cristo, desde o princípio, Tu estavas em Deus. (1) Tu eras, desde o nascimento da humanidade, Palavra viva. Tendo vindo até nós, tornaste acessível a humilde confiança da fé. Há-de chegar o dia em que vamos poder dizer: eu sou de Cristo, eu pertenço a Cristo.

in www.taize.fr

segunda-feira, 2 de março de 2009

Chamado à casa do Pai Irmão Michel

1936-2009

No dia 24 de Fevereiro, o irmão Michel, responsável pela fraternidade dos irmãos de Taizé em Alagoinhas (Brasil), morreu acidentalmente quando se encontrava na Austrália. Tinha 73 anos. De origem alemã, nasceu em 1936 na Papua-Nova Guiné, onde os seus pais eram missionários. Estudou na Austrália e na Alemanha.
Depois de entrar na Comunidade de Taizé, em 1959, preparou um doutoramento em sociologia em Paris, assumindo simultaneamente a relação com «Aktion Sühnezeichen». Foi esta associação que construiu a igreja de Taizé, em 1961-62, como sinal de reconciliação entre a Alemanha e a França depois da Segunda Guerra Mundial.
Desde 1966, o irmão Michel vivia na América Latina e foi o responsável pela fraternidade de irmãos no Brasil, em Recife (1967-1972), em Vitória (1972-1978) e em Alagoinhas de 1978 até hoje. Vivendo uma presença simples e gratuita entre os mais pobres, o irmão Michel e os irmãos em Alagoinhas apoiaram projectos que contribuíram para melhorar a vida no bairro onde se encontram. A escola para crianças surdas e cegas, criada pelo irmão Michel, é bastante conhecida no Brasil. Através do acolhimento na fraternidade e dos encontros de jovens organizados uma vez por ano em diferentes cidades do país, o irmão Michel era muito conhecido e tornou-se numa referência para muitos jovens brasileiros.
Será celebrada uma oração em memória do irmão Michel em Taizé no sábado 14 de Março, às 15 horas.

Leitura Bíblica do dia


Segunda-feira 2 de Março

Jesus disse: «Sede semelhantes aos homens que esperam o seu senhor ao voltar da boda, para lhe abrirem a porta quando ele chegar e bater.»
Lc 12,32-48

Pequena Meditação

Quanta vigilância é necessária para não colocar rótulos na testa de ninguém! Ter do outro uma imagem fixa pode fazer com que todo o seu desenvolvimento interior fique paralisado
in www.taize.fr

domingo, 1 de março de 2009

Quais os pressupostos para um verdadeiro diálogo entre cristãos de diferentes tradições?


Dialogar com cristãos de outras confissões significa aprender a tornar-se parceiros em vez de adversários. Não se trata de fazer concessões mútuas, como na diplomacia. Trata-se sim de, juntos, procurar descobrir o mais possível do rosto de Cristo, da sua vontade para o mundo, para a Igreja, para a família humana. Nenhuma tradição pode afirmar possuir tudo de Cristo. Quando tomamos consciência disso descobrimos que precisamos dos outros para que a face de Cristo brilhe em todo o seu esplendor. «O cristianismo», disse um teólogo do século XX, «é uma religião cuja particularidade distintiva passa por abordar tudo pensando ‘não sem os outros’.» O mundo tem uma necessidade urgente do que pode vir de cristãos que sabem como valorizar os seus dons e os tornar comuns. Por essa razão, o irmão Alois escreveu no Apelo à reconciliação dos cristãos: «Como podemos responder aos novos desafios das nossas sociedades, nomeadamente os da secularização e da harmonia entre as culturas, sem reunir os dons do Espírito Santo depositados em todas as famílias cristãs?»
O passado mostra-nos um tempo em que uma relação de antagonismo determinava todos os encontros entre cristãos de diferentes denominações. Poucos «diálogos» verdadeiros, mas muitos «monólogos justapostos». Em detrimento de olhar para o pedaço de verdade presente nos outros, lutava-se para defender a perspectiva oposta a qualquer custo. Assim nasceram caricaturas e estereótipos, oposições artificiais que ainda hoje nos é complicado abandonar. Tudo isto levou a um empobrecimento mútuo, não somente porque os dons dos outros foram negligenciados, mas também porque a determinação em causar oposição leva a encarar a sua própria tradição de um modo que a deforma. Se não faço esforços para descobrir os outros com o melhor que possuem, não estou a dialogar. É necessário que aprenda a escutar. Não me é pedido que negue a verdade ou que concorde com tudo. Porém, é-me pedido que aceite que pode haver outras formas de ver os problemas, outros pontos de partida e outras conclusões que têm a sua própria legitimidade, outras palavras ao serviço a fé. Quanto mais me agarrar ao que é essencial, menos medo terei de aceitar as diversidades que não o afectam.
Dialogar como parceiros não é procurar a sua identidade em isolamento ou em oposição aos outros, mas sim em relação e na partilha. E isso assemelha-se muito mais à vida !

in www.taize.fr

Leitura Bíblica do dia


Domingo, 1 de Março

Jesus disse: «O Reino de Deus está perto: Arrependei-vos e acreditai no Evangelho.»
Mc 1,1-15

Pequena Meditção:

Na nossa vida de comunidade, estamos cientes de que a simplicidade e a bondade de coração são valores indispensáveis. Talvez sejam um dos reflexos mais claros da beleza que uma comunhão encerra.

in www.taize.fr

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Porquê ícones?


Os ícones participam na beleza da oração. Eles são como janelas que se abrem às realidades do Reino de Deus e as tornam presentes na nossa oração sobre a terra. Eles são um apelo à nossa própria transfiguração. Apesar de o ícone ser uma imagem, não é uma ilustração pura nem decoração. É sinal da encarnação, é presença que oferece aos olhos a mensagem espiritual que a Palavra dirige aos ouvidos.
O fundamento dos ícones é, segundo São João Damasceno (século VIII), a vinda de Cristo à terra. A salvação está ligada à encarnação do Verbo divino, por consequência, à matéria: «Deus, que não tem corpo nem figura, não podia outrora, de maneira nenhuma, ser representado por qualquer imagem. Mas agora, que Deus permitiu ser visto em carne e viver no meio dos homens, eu posso fazer uma imagem daquilo que vi de Deus. Eu não adoro a matéria, mas sim o criador da matéria, que se tornou matéria por minha causa, que quis habitar a matéria e que, através da matéria, me deu a salvação.»
Pela fé que transmite, pela sua beleza e profundidade, o ícone pode abrir um espaço de paz, reavivar uma espera. Ele convida a acolher o mistério da salvação na nossa humanidade e em toda a criação.

Encontro de Sevilha


De sexta, dia 8, a domingo, dia 10 de Maio de 2009, centenas de jovens serão acolhidos em Sevilha. Depois do Encontro Europeu de Bruxelas, o encontro de Sevilha será uma nova etapa da «Peregrinação de Confiança através da Terra». Este será o primeiro encontro que se organiza no sul de Espanha, a convite da Delegação da Pastoral Juvenil da Arquidiocese de Sevilha e em colaboração com a Comunidade de Taizé. O irmão Alois, prior de Taizé, juntamente com vários irmãos, estará presente.
Participar no encontro de Sevilha significa:
Deixar-se acolher de forma simples para tecer laços de confiança com jovens da Andaluzia e de toda a Espanha.
Encontrar tempo para descobrir um alento para a nossa própria vida interior, através da oração, do silêncio e da escuta da palavra de Deus…
Descobrir testemunhos de uma esperança viva nas nossas vidas quotidianas…
Partilhar reflexões e experiências em face dos novos desafios que nos interpelam…
Procurar como nos pode iluminar o Evangelho…

Porque se vai a Taizé?

Vir a Taizé é ser acolhido por uma comunidade marcada por duas aspirações: avançar numa vida de comunhão com Deus através da oração e assumir responsabilidades para depositar um fermento de paz e de confiança na família humana.
Em Taizé, a oração comunitária, os cânticos, o silêncio e a meditação pessoal podem ajudar a redescobrir a presença de Deus na nossa vida e a encontrar uma paz interior, uma «razão de viver» ou um novo impulso.

Fazer a experiência de uma vida simples, partilhada com os outros, recorda-nos que Cristo espera por nós na nossa vida quotidiana, tal como ela é.

Alguns jovens procuram descobrir como seguir a Cristo para toda a vida.

Vir a Taizé pode ajudá-los a discernir este chamamento.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Carta a quem gostaria de seguir Cristo


No Evangelho, ouvimos o chamamento de Jesus: «Segue-me!» Será possível responder-lhe com um compromisso para toda a vida?
Em todos nós há o desejo de um futuro feliz. Mas podemos ter a impressão de ser condicionados por muitos limites e por vezes ser surpreendidos pelo desânimo.
No entanto, Deus está presente: «O Reino de Deus está próximo» (Marcos 1,15). A sua presença torna-se perceptível quando assumimos as situações da nossa vida tal como elas são, de forma a criar a partir do que existe.
Ninguém gostaria de se atolar em sonhos de uma vida idealizada. Aceitemos aquilo que somos e também o que não somos.
Procurar um futuro feliz implica fazer escolhas.
Há pessoas que assumem opções corajosas para seguir Cristo na sua vida de família, na sociedade, num compromisso pelos outros. Também há quem se interrogue: como seguir Cristo escolhendo o caminho do celibato?
Eu gostaria muito de encorajar aqueles que se deparam com a questão de uma escolha para sempre:
Perante um compromisso destes, pode acontecer que hesites. Mas, indo mais ao fundo, encontrarás a alegria de te entregar inteiramente. Feliz aquele que não se abandona ao medo, mais sim à presença do Espírito Santo.
Talvez seja difícil acreditares que Deus te chama pessoalmente e que espera que tu o ames. A tua vida é preciosa para ele.
Chamando-te, Deus não te prescreve o que deves fazer. O seu chamamento é antes de mais um encontro. Deixa-te acolher por Cristo e descobrirás o caminho a seguir.
Deus chama-te à liberdade. Não faz de ti um ser passivo. Pelo seu Espírito Santo, Deus habita em ti, mas não se substitui a ti. Pelo contrário, ele desperta energias insuspeitas.
Jovem, podes ter medo e ser tentado a não escolher, para guardar todas as possibilidades em aberto. Mas como poderias realizar-te se permaneceres na encruzilhada?
Aceita que haja em ti uma espera não realizada e mesmo questões que não estão resolvidas. Confia-te com um coração transparente. Há na Igreja pessoas que te podem escutar. Ser escutado desta forma, ao longo do tempo, há-de ajudar-te a discernir como te podes entregar totalmente.
Não estamos sozinhos a seguir Cristo. Somos levados por esse mistério de comunhão que é a Igreja. Nela, o nosso sim torna-se louvor.
O louvor pode ser hesitante, pode surgir até da nossa miséria, mas há-de tornar-se pouco a pouco em fonte de alegria que jorra para toda a nossa vida.

Irmão Alois

Meditação do Irmão Alois para a Quaresma


A Quaresma: voltarmo-nos para Deus
A Quaresma orienta o nosso pensamento, em primeiro lugar, para a imagem do deserto, aquele onde Jesus viveu quarenta dias de solidão ou aquele que o povo de Deus atravessou, caminhando durante quarenta anos. E, no entanto, quando chegavam estas semanas que precedem a Páscoa, o irmão Roger gostava de lembrar que esse não era um tempo de austeridade ou de tristeza, nem um período para alimentar a culpabilidade, mas sim um momento para cantar a alegria do perdão. Ele via a Quaresma como quarenta dias para nos prepararmos para redescobrir pequenas primaveras nas nossas vidas.
No início do Evangelho de São Mateus, quando João Baptista proclama «arrependei-vos!», ele quer dizer «voltai-vos para Deus!» Sim, durante a Quaresma, gostaríamos de voltar-nos para Deus para acolher o seu perdão. Cristo venceu o mal, e o seu perdão constante permite-nos renovar uma vida interior. É a uma conversão que somos chamados: não a voltarmo-nos para nós próprios numa introspecção ou num perfeccionismo individual, mas a procurar uma comunhão com Deus e também uma comunhão com os outros.
Voltarmo-nos para Deus! É verdade que, no mundo ocidental, tornou-se difícil, para algumas pessoas, acreditar em Deus. Elas vêem a existência de Deus como um limite à sua liberdade. Pensam que devem lutar sozinhas para construir a sua vida. Parece-lhes inconcebível que Deus os acompanhe.
No ano passado, fui visitar os nossos irmãos que vivem na Coreia há trinta anos. Durante o caminho, acompanhado por outro irmão, estive em encontros de jovens em vários países asiáticos. O que me marcou na Ásia foi o facto de a oração parecer natural. Nas diferentes religiões, as pessoas têm espontaneamente na oração uma atitude de respeito, ou mesmo de adoração.
Certamente, nestas sociedades não há menos tensões ou violências do que no Ocidente. Mas um sentido de interioridade é talvez mais acessível, um respeito perante o milagre da vida, pela criação, uma atenção ao mistério, a algo que vai para além do que podemos ver.
Como renovar uma vida interior descobrindo e voltando sempre de novo a descobrir uma relação pessoal com Deus? Há em todos nós uma sede de infinito. Deus criou-nos com este desejo de um absoluto. Deixemos viver em nós esta aspiração!
Entre os cânticos de Taizé, um deles expressa esta espera. A letra é de um poeta espanhol, Luis Rosales, inspirado por São João da Cruz: «De noite iremos e, para encontrar a fonte, só a sede nos ilumina.» Para algumas pessoas, o tempo da Quaresma é tempo de jejum. Não que a ascese tenha um valor por si própria, mas há em cada pessoa uma espera mais profunda do que as esperas superficiais, uma sede mais essencial. E essa sede pode iluminar o nosso caminho.
Se, por vezes, caminhamos de noite ou se atravessamos como que um deserto, não é para seguirmos um ideal. Seguimos uma pessoa: Cristo. Não estamos sozinhos, ele vai à nossa frente. Segui-lo implica um combate interior, com decisões a tomar, com fidelidades de toda uma vida. Neste combate, não nos apoiamos sobre as nossas próprias forças, mas abandonamo-nos à sua presença. O caminho não está traçado de antemão, implica também acolher surpresas, criar com o inesperado.
Deus não se cansa de retomar o caminho connosco. Podemos acreditar que uma comunhão com ele é possível e assim nunca nos cansamos de, também nós, retomar sempre de novo o combate. Não perseveramos para nos apresentarmos diante de Deus com o nosso melhor aspecto. Não, aceitamos avançar como pobres do Evangelho, que se confiam à misericórdia de Deus.
A Quaresma é um tempo que nos convida à partilha. Leva-nos a pressentir que não nos sentiremos realizados se não consentirmos a renúncias. Renúncias feitas por amor. Quando, noutra ocasião, Jesus se encontrava no deserto, cheio de compaixão por aqueles que o tinham seguido, multiplica cinco pães e dois peixes para alimentar cada pessoa. Que sinais de partilha podemos nós realizar?
O Evangelho valoriza a simplicidade de vida. Chama-nos a dominar os nossos próprios desejos para nos conseguirmos limitar, não por constrangimento mas por escolha. Este apelo é hoje muito actual, não somente em termos pessoais, mas na vida das nossas sociedades. A simplicidade escolhida livremente permite que os mais favorecidos resistam à corrida ao supérfluo e contribui à luta contra a pobreza imposta aos mais deserdados.
Durante este tempo da Quaresma, ousemos rever o nosso estilo de vida. Não para dar má consciência àqueles que não o fazem, mas com o propósito de sermos solidários com os mais desamparados. O Evangelho incentiva-nos a partilhar livremente, dispondo das coisas com beleza simples da criação.

Taizé...Fonte de Vida e Paz