Por mais que se queira definir “Taizé” será sempre de uma maneira incompleta. Parece estranho que algo que revela o verdadeiro ser do Homem, o seu sentido para a vida, que faz sentir o mesmo um ser completo, inserido numa sociedade que necessita da sua presença, do seu testemunho, do seu trabalho. Contudo, penso que quando se conseguir definir “Taizé” por completo é porque “Taizé” está a falecer.
Deste modo, o incompleto é causado pelo facto de Taizé ser, por sua característica original, um motor contínuo de criação cristã. Neste sentido, ir a Taizé é descobrir novos caminhos, é renascer, é auto-recriar-se porque estar em Taizé é entrar num mundo em constante busca de Cristo. É nesta busca que o motor da criação reside, ou seja, no seio da comunidade em que tradições, raças e costumes são deixadas à parte para criar caminhos que nos levam a Ele e purifiquem o ser da cada um.
Ao falar de criação não é imaginar e tornar realidade uma nova religião com o nome de cristianismo. Pelo contrário, é assumirmos a nossa identidade de cristãos e caminhar constantemente para Cristo; para realizarmos esta caminhada necessitamos, fundamentalmente, da oração. É na oração que reside o espírito criador da comunidade de Taizé. Porém, rezar em Taizé não é ser um crente que frente a Cristo adopte uma atitude lamuriosa, mas sim, uma atitude de louvor; muitas vezes o cristão corre o risco e/ou o erro de definir um Cristo castigador, juiz de coisas mundanas. É neste ponto que Taizé difere pois revela a todos os que estão no seio da comunidade um Cristo ressuscitado, vencedor da morte, um Cristo misericordioso, um Cristo libertador, um Cristo que deu a liberdade a todo o homem; é nesta liberdade que está a criação, é nesta liberdade que o homem cria novos modos de estar em contacto com Cristo.
Assim, é necessário começarmos a sair ou evitar cair num cristianismo amorfo e quieto.
Tiago Cardoso
Oração de Abril
Há 10 anos
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